A Marcha manifesta a
indignação dos trabalhadores e trabalhadoras com a política
de saúde para os portadores de doenças do trabalho e vítimas
de acidentes de trabalho e celebra o Dia Internacional em
Memória das Vítimas de Doenças e Acidentes de Trabalho, em
28 de abril. Todas as bandeiras de lutas dos trabalhadores e
trabalhadoras de Santa Catarina foram levantadas a uma só
voz na Marcha dos Catarinenses, que foi promovida em
conjunto por todas as centrais sindicais de trabalhadores do
Estado, a Fetiesc, o Movida (Movimento em Defesa da Saúde e
Segurança da Classe Trabalhadora Catarinense), CNTI,
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Movimento das
Mulheres Trabalhadoras Urbanas (MMTU). Esqueceram as
diferenças em nome do compromisso para com a luta da classe
trabalhadora.
Os manifestantes
denunciaram a exploração e a falta de reconhecimento do
patrão para com os trabalhadores e trabalhadoras, o assédio
moral e sexual, os baixos salários e outras formas de
exploração. No trajeto, foram distribuídos entre a população
material informativo contendo os motivos e os objetivos da
Marcha, entre eles, a redução da jornada de trabalho, a
valorização do piso estadual de salário, implementação do
piso nacional da educação, valorização dos servidores
públicos, universalização dos direitos sociais, ética e
moralidade na política e reforma agrária e política
agrícola.
Apoio político
Os deputados do PT na
Assembleia Legislativa, Dirceu Dresch e Pedro Uczai, e
Ângela Albino, do PCdoB, subiram no caminhão de som e se
pronunciaram favoráveis à Marcha e às reivindicações dos
manifestantes. Todos apontaram a união das centrais
sindicais como fator decisivo para a conquista das
reivindicações e citaram como exemplo a aprovação do Piso
Estadual de Salário, em setembro do ano passado. A
ex-presidente do PT de Santa Catarina, Luci Choinacki, foi
contundente em seu discurso, dirigido especialmente às
mulheres: "Não nascemos apenas para criar filhos e
trabalhar. Somos capazes de transformar o mundo", falou Luci,
que é pré-candidata a deputada federal. Vereadores da
capital e de outras cidades, assim como ex-deputados e
pré-candidatos às eleições deste ano também demonstraram seu
apoio participando da manifestação.
Dificuldade para trabalhar
O bancário Luiz Carlos
Godinho, 55 anos, é bancário em Florianópolis e ao longo dos
muitos anos de profissão acabou com problemas nos ombros.
Acontece que Godinho é paraplégico e, para trabalhar com
mais comodidade, precisaria de móveis adaptados a sua
condição física. "Mas essa adaptação nunca aconteceu e estou
lutando com a perícia para ver se reconhecem meu problema
nos ombros", conta o bancário, que participou da Marcha. De
acordo com ele, a manifestação foi muito boa, mas poderia
ser melhor. "Pelo número de trabalhadores doentes e
acidentados do trabalho, acho que tem pouca gente", resumiu
o bancário.
Fetiesc entrega cartilha
sobre doenças do trabalho
A Fetiesc (Federação dos
Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina) confeccionou
milhares de cartilhas que abordam os mais variados aspectos
das doenças e acidentes de trabalho. A publicação foi
distribuída entre os participantes da Marcha e ao povo nas
ruas da capital. A Fetiesc desenvolve um trabalho de longa
data na prevenção e conscientização no que se refere à saúde
dos trabalhadores e trabalhadoras. O presidente da Fetiesc,
Idemar Antônio Martini, classificou a Marcha como um marco
na história de luta dos trabalhadores catarinenses e prevê
maior número de pessoas na manifestação de 2011. "Ano que
vem vamos reunir 10 mil trabalhadores e trabalhadoras para
celebrar o Dia Internacional em Memória às Vítimas de
Doenças e Acidentes de Trabalho", planeja.
Movida nas camisetas dos
manifestantes
O Movida – Movimento em
Defesa da Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora – esteve
presente não apenas no emblema das camisetas usadas pelos
manifestantes. O Movida foi pioneiro na luta pela saúde do
trabalhador ao denunciar as dificuldades dos lesionados com
a perícia médica do INSS e cobrar dos representantes do
governo a implantação de uma política de saúde pública
favorável aos trabalhadores. Foi fundado pela Fetiesc em 6
de maio de 2003. Ao longo destes anos promoveu manifestações
em várias cidades do Estado, tendo como tema o Dia
Internacional em Memória das Vítimas de Doenças e Acidentes
do Trabalho. Ganhou abrangência nacional com o Movida Brasil
e a realização do 1º Encontro Nacional para apurar a
conivência dos peritos do INSS com os médicos de empresas no
fornecimento dos laudos.
Nos anos de 2004 e 2005 o Movida promoveu
audiências públicas na Assembleia Legislativa, com
participação expressiva da classe trabalhadora. Em 2006 a
manifestação aconteceu em Blumenau; em 2007, em
Florianópolis, em frente à Fiesc (Federação das Indústrias
de Santa Catarina) e pelas ruas centrais da capital; em
2008, em Lages, com adesão do trabalhador do campo; em 2009,
em Jaraguá do Sul; e, em 2010, novamente na capital.