Justiça e igualdade
de direitos às trabalhadoras domésticas
Valorizar o trabalho como pilar para a construção de um mundo
melhor. É nisso que acreditamos e é por isso que lutamos,
especialmente quando se trata de trabalhadoras exploradas e
desrespeitadas historicamente e que reivindicam trabalho e vida
decente.
Estamos falando da necessidade de valorizar e proteger milhões
de trabalhadoras domésticas do Brasil, dia a dia. Somos ou
deveríamos ser todos iguais perante a lei mas, mesmo para a
justiça - que deveria ser cega e não discriminar, tratar todos
com
igualdade - esse princípio muitas vezes não prevalece. São
milhões de trabalhadoras em todo o país, milhões de famílias que
sofrem pela ausência de direitos. A CUT, a Confederação Nacional
dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs/CUT)
e a Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos - Fenatrad
defendem todos os direitos sociais para essas trabalhadoras e
para isso uma das bandeiras de luta é a alteração do artigo 7°
da Constituição Federal para garantir aos trabalhadores
domésticos os mesmos direitos que todas as categorias possuem.
Rosane da Silva - Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora
da CUT. Creuza Maria Oliveira - Presidente da Fenatrad. Quintino
Severo - Secretário Geral da CUT.
Rosane Bertotti - Secretária Nacional de Comunicação da CUT.
Lucilene Binsfeld - Presidente da Constracs
O estigma
do trabalho doméstico
Em pleno século XXI, trabalhadoras que compõem a categoria
profissional feminina mais numerosa do país ainda não desfrutam
plenamente de direitos. Trabalho doméstico é desvalorizado por
ser exercido primordialmente por mulheres, afro-descendentes
e por pessoas de baixa escolaridade e renda. Trabalho doméstico
é realizado na “esfera privada”, mundo onde o Estado não
intervém, permitindo relações discriminatórias e práticas
violentas. Entre os direitos trabalhistas negados às
trabalhadoras domésticas estão o piso profissional, jornada de
trabalho, pagamento de hora extra/adicional
noturno, seguro-desemprego, seguro acidente de trabalho, a
estabilidade da gestante,
obrigatoriedade do FGTS. Organizações das trabalhadoras
domésticas são dificultadas por diversas razões, especialmente
pelo impedimento de realizar acordos coletivos ou exercer outras
funções sindicais. Mas também enfrentam o fato de residências
não serem consideradas “local de trabalho”, e assim não podem
ser alvo de fiscalização. O trabalho doméstico é visto pela
legislação como não-produtivo e as trabalhadoras
estão dispersas em milhares de casas, faltando possibilidade e
recursos financeiros para fortalecer a ação coletiva. Entre
outras coisas é preciso obrigar que o FGTS seja depositado e o
INSS recolhido corretamente, impedir acidentes de trabalho e
garantir assistência quando ocorrerem. Enquanto não houver
mudanças na Constituição, o status da categoria vai continuar
sendo inferior. É necessário que a sociedade e o governo prestem
finalmente atenção àquelas que permaneceram por séculos na
invisibilidade dos lares brasileiros. (Fonte: Jornal
Fêmea - junho 2009) |